terça-feira, 5 de agosto de 2008

26 Dezembro 2007 CORREIO DA MANHÃ


Pedro Bargado

Sinto que o palco é o meu verdadeiro lugar





Pedro Bargado, actor e cantor, é a estrela mais brilhante de ‘Jesus Cristo Superstar’, musical de Filipe La Féria em cena no Teatro Politeama. Bargado dá corpo e voz a ‘Judas’ numa estreia muito promissora no género musical.Pode parecer heresia, mas não é propositado. A personagem mais interessante – porque mais complexa e, por isso mesmo, mais humana – do espectáculo ‘Jesus Cristo Superstar’, de Tim Rice e Andrew Lloyd Webber, é ‘Judas’, o traidor que denuncia Jesus e o entrega aos carrascos. O actor que lhe dá vida, e que conhecemos do ‘Chuva de Estrelas’ – onde alcançou o 3.º lugar com o tema ‘The Most Beautiful Girl in the World’, de Prince –, confessa-se, porém, uma pessoa religiosa...
Correio da Manhã – É cantor, tem experiência em teatro e estreia-se agora num musical. Como foi escolhido para o papel?
Pedro Bargado – O meu nome foi mencionado na produção porque me conheciam. Tinham-me visto na televisão. Fui chamado para fazer um casting. Nesse dia, o meu carro avariou na Segunda Circular, tive de o empurrar até uma bomba de gasolina e de vir de metro, mas ainda assim consegui chegar a tempo.
– Foi apurado à primeira?
– Sim.
– É católico?
– Sim. Mas não praticante.
– Foi complicado para si fazer de ‘Judas’?
– Até à estreia nem pensei nisso. Mas depois questionei-me. Quase todos os dias me magoo em cena e às vezes pergunto-me se não é castigo... Enfim, mais do que católico, considero-me uma pessoa religiosa. Falo com Deus habitualmente, mas também tenho um Buda à cabeceira.
– ‘Judas’ é a personagem mais fascinante do espectáculo.
– Está escrito assim. O público vê aquilo que acontece através dos olhos de ‘Judas’. É normal.
– Como se preparou para a personagem?
– Com muito trabalho. ‘Judas’ não é o vilão típico e eu não queria fazer uma caricatura. Li muito sobre a figura, vi filmes, procurei as obras pictóricas em que ele é retratado, procurei saber o mais possível sobre a personagem para, a partir daí, construir algo que fosse realmente meu.
– O encenador deu-lhe esse espaço de manobra? Ele não dirige os actores na ponta do chicote?
– A mim permitiu-me, sim. E a outros actores também. Há muitas maneiras de dirigir e, se a ideia do espectáculo parte do encenador, nós, actores, também temos de dar. O Filipe (La Féria) tem os dois lados: se, por um lado, aceita o que tu fazes, por outro, puxa muito por ti. Se te dá com o chicote é porque sabe que podes ir mais longe e fazer melhor. Sei que ele é conhecido pelo mau génio, mas não é porque não goste das pessoas. É porque tem a noção de que elas podem fazer mais e melhor. Só assim se vai do muito bom ao excelente.
– Vive profissionalmente do canto, mas também fez telenovelas e esteve anos com uma companhia de teatro. O que é que queria ser quando fosse grande? Tudo?
– Sempre quis ser cantor. Mas nunca tive a ambição de ser conhecido, como tanta gente. Sinto que posso comunicar mais através da música, sinto que o palco é o meu verdadeiro lugar.
– Mas o seu grande lançamento foi o programa ‘Chuva de Estrelas’, que o tornou conhecido?
– Sim. Inscrevi-me, um bocadinho envergonhado, e o meu pai disse-me: ‘Queres ser cantor o quê? Tu não cantas nada!’ Acabou por ser quase por picanço que concorri. Para lhe provar que sabia cantar.
– Quanto tempo é que acha que este espectáculo vai ficar em cena?
– Espero que muito. Eu gostaria.
– E o seu pai já se rendeu ao seu talento?
– Já (risos). Logo com o ‘Chuva de Estrelas’, ficou todo orgulhoso.

PERFIL
Pedro Bargado nasceu a 12 de Fevereiro de 1978 e é natural de Lisboa. Concluiu o 12.º ano na área de Desporto e teve aulas particulares de voz com Cristina Castro. Tornou-se então profissional da música quer como cantor quer como compositor. Foi membro dos Shout, grupo de gospell, e fez coro para Sara Tavares e Tó Cruz. O programa ‘Chuva de Estrelas’ lançou-o. Cantou temas de telenovelas, onde também interpretou pequenos papéis. Em teatro, trabalhou durante cinco anos com a companhia de Rui Luís Brás - o Pequeno Palco de Lisboa –, onde representou textos de Abel Neves, Eça de Queirós, José Mauro Vasconcelos (‘O Meu Pé de Laranja Lima’) ou Milan Kundera. Faz dobragens de séries e filmes de animação.






1 comentário:

Estrela do mar disse...

...belo post, sim senhora...é sempre bom conhecer um pouco mais dos actores...e eu gostei de ler a entrevista do Pedro...ele é uma autêntica força da natureza...desejo-lhe muitas felicidades...


Beijinhosssss